Cresci ouvindo meu pai dizer que quem lê jornais e revistas se sai melhor na escola. Como jornalista, não estou aparelhada para avaliar o impacto que a leitura do noticiário tem na vida acadêmica de estudantes. Os professores é que podem falar sobre isto. O aspecto que quero abordar aqui é o que faz um adolescente ou um jovem pegar um jornal ou uma revista para ler. Meu pai me dava uma razão prática para tentar fazê-lo: seria um reforço a mais no meu desempenho escolar e me ajudaria no vestibular. Mas tenho para mim que ele conseguiu me influenciar por ser, ele próprio, um leitor assíduo. Em casa, o jornal estava sempre na sala de estar e a assinatura da revista semanal era renovada ano após ano. E o principal: ler era um dos raros passatempos de meu pai.
Hoje um grande número de pais valoriza a leitura como elemento formador da estrutura intelectual de crianças e jovens. Para comprovar, estão aí as tiragens gigantescas de títulos para esse públicos. O quadro só não é perfeito porque a maioria abandonará o hábito de ler ao chegar à puberdade. Qual é a encruzilhada? Parece-me que ela está dentro de casa.
É mais provável que leitores se formem dentro de lares de leitores, onde o jornal, a revista, o livro integrem os hábitos familiares. Se o livro entra na vida da criança como algo importante, mas que só faz parte do universo infantil, ela irá naturalmente abandoná-lo ao crescer. Livros e jornais continuam sendo recomendados como leitura pré-vestibular e as escolas utilizam a mídia quase rotineiramente em atividades em sala de aula. Algumas crianças talvez desenvolvam o interesse pela leitura através desse contato no ambiente escolar, mas me parece que ele só vingará se estiver presente no ambiente familiar.
Marleth Silva, editora-executiva da Gazeta do Povo e Conselheira de Educação RPC.
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